Nos últimos tempos, a fama da Inteligência Artificial (IA) atingiu níveis nunca antes vistos. A última vez que se viu tanta gente a falar, a escrever e a debater sobre um único assunto foi durante a pandemia pela COVID-19. Não estou a sugerir que a IA seja prejudicial como a pandemia, mas o nível de discussão, publicidade, impacto e notícias é estranhamente similar.

Lembro-me vividamente de quando o COVID-19 dominava todas as conversas. Da mesma forma, hoje, mencionar que estou a organizar webinars sobre IA provoca reações imediatas: “Ah, eu também uso!” ou “Conheces o especialista X? Ele trabalha com isso o dia todo!” E mesmo no ambiente académico, onde todos os professores já incorporaram a IA no dia a dia, há muitos que são convidados para falar sobre o tema.

Todas as organizações, canais de YouTube e podcasts mergulharam de cabeça nos debates e webinars sobre IA. Discute-se o uso, as formas, os impactos e as questões éticas. As ferramentas que utilizam IA multiplicam-se a uma velocidade vertiginosa, lembrando-me do desenvolvimento acelerado das vacinas e campanhas de vacinação contra o COVID-19. Há debates, comissões de avaliação, notícias e webinars a torto e a direito. Todos usam IA, muitas vezes sem saber exatamente como! Parece mesmo que todos estivessem a ser “infectados” e obrigados a uma “quarentena” de aprendizagem e contenção.

Assim, tal como o COVID-19 trouxe mudanças profundas e inesperadas – algumas até positivas, como a adoção massiva de tecnologias digitais – a IA também está a transformar o nosso mundo de maneiras imprevisíveis. No entanto, vale lembrar que, se mal utilizada, a IA pode ter impactos negativos significativos.

A pandemia pelo COVID-19 obrigou-nos a repensar as nossas rotinas, a nossa forma de trabalhar e como interagir socialmente. Da mesma forma, a “pandemia” pela IA força-nos a reconsiderar as nossas abordagens em diversas áreas, desde a educação até o mercado de trabalho. Estamos todos em quarentena digital, a aprender e a conviver com uma nova realidade impulsionada pela IA.

Claro, há diferenças substanciais. Enquanto o COVID-19 foi uma tragédia global com consequências devastadoras, a IA, em sua essência, representa uma promessa de progresso e inovação. Mas é exatamente essa promessa que deve ser cuidadosamente controlada e gerida, para que os benefícios sejam maximizados e os riscos minimizados.

Então, da próxima vez que te encontrares num webinar sobre IA, cercado de entusiastas e especialistas, lembra-te da nossa recente história com o COVID-19. Talvez haja uma lição a aprender: assim como enfrentámos uma pandemia com ciência, colaboração e responsabilidade, devemos abordar a revolução da IA com a mesma seriedade e cuidado.


0 comentários

Deixe um comentário

Avatar placeholder